Quando o paciente apresenta alterações ou patologias bucais, cabe ao cirurgião dentista o diagnóstico e tratamento destas condições. O processo de diagnóstico inicia com a anamnese, que é uma entrevista qualificada com o paciente, buscando a evolução do seu problema, assim como a história médica e odontológica.
O próximo passo é o exame clínico e se o profissional permanecer com dúvidas, exames complementares podem ser indicados. Um destes exames compreende a análise microscópica do tecido da lesão.
Existem duas situações muito frequentes quando estamos trabalhando com lesões na boca. Uma delas é o paciente ter aumentos de volume nos tecidos que precisam ser removidos e, naturalmente, não sabemos o diagnóstico conclusivo daquele nódulo até ele ser analisado.
A outra situação é quando frente a qualquer lesão na boca, não conseguimos determinar o diagnóstico definitivo apenas pela anamnese e exame clínico e precisamos da avaliação microscópica daquele tecido, para que o patologista, através do exame histopatológico, formule o diagnóstico conclusivo e então o melhor tratamento seja escolhido.
Nas duas situações descritas será realizado um procedimento cirúrgico para remover o tecido. Essa cirurgia de remoção de patologias para fins de diagnóstico é chamada de biópsia.
Portanto, biópsia é o ato operatório que depois será seguido do exame histopatológico. Se toda a lesão foi retirada, e neste caso o procedimento de diagnóstico já se confunde com o tratamento, a biópsia é chamada de total ou excisional. Se apenas parte da patologia for removida, justamente pela incerteza do diagnóstico clínico, a biópsia é chamada de parcial ou incisional.
Por se tratar de um procedimento cirúrgico, envolve o conhecimento da anatomia da região para evitar danos a outras estruturas como vasos e nervos, anestesia da área, incisões, controle hemostático, um período de recuperação pós-operatória que o paciente deverá obedecer uma série de recomendações e prescrições. Também será necessária a realização de suturas e, como haverá cicatrização tecidual, também podem ser esperadas retrações e cicatrizes na região.
Considerando tudo isso, cabe a pergunta frente a um caso clínico com biópsia indicada: será que o paciente entendeu o que foi explicado? Existe alguma forma de documentar isso?
Sim, para isso existe o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ou simplesmente – TCLE. Grande parte dos profissionais ainda o confunde com os contratos realizados com os pacientes, mas… como dizem por aí “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. O TCLE é usado para respeitar e promover a autonomia dos pacientes e para protegê-los de ações prejudiciais à sua saúde. Trata-se de um dos, se não o mais importante documento a ser elaborado numa intervenção clínica. Ali o paciente é informado sobre os procedimentos que serão realizados pelo profissional.
É essencial destacar que o TCLE não deve ser um documento padrão, rígido, no qual o dentista apenas substitui o nome do paciente. Tendo em conta que o paciente estomatológico é um paciente com grandes particularidades, ele deve ser individual, conforme cada caso, e trazer explicado as condições do paciente e a efetiva indicação de realização do tratamento de acordo com suas necessidades. Dessa forma, é preciso que o termo seja elaborado detalhadamente, considerando a individualidade daquele caso clínico em que a biópsia está indicada, e o seu conteúdo seja conciso, verdadeiro e de fácil entendimento. De nada adianta um TCLE que o paciente não compreenda o conteúdo, semelhante aqueles documentos chatos e com letra pequena (dão até sono!).
O TCLE é um dever do profissional e um direito do paciente, pois nele os pacientes confirmam voluntariamente sua disposição a aceitar o tratamento de forma consciente e responsável, conhecendo suas consequências, seus riscos, benefícios e desconfortos envolvidos e, além disso, visa proteger a autonomia dos pacientes.
Então, visando compartilhar conhecimento e a melhor prática clínica de alunos e seguidores, juntos Profs. Mário e Maurício, disponibilizam um modelo de documento para você personalizar e utilizar na sua clínica diária.
Bom uso e um abraço,
Prof. Mário Marques Fernandes
Prof. Maurício Volkweis
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