Cada vez mais os anúncios oferecendo packs de documentos odontológicos aparecem em nossas redes sociais. Se você ainda não recebeu uma postagem assim na sua time line, é bem provável que uma hora ou outra verá algo nesse sentido.
Esses anúncios vêm com grande apelo de marketing, prometendo oferecer TODOS os termos necessários para a prática clínica odontológica, obtendo a segurança jurídica de forma fácil, rápida e prática, o que acaba motivando os profissionais a adquirirem tais pacotes.
Vamos fazer algumas reflexões:
O que mais ocorre com profissionais que compram esses documentos é não utilizá-los adequadamente: ou porque não sabem como se faz ou porque não entendem a importância desse ato. Nesse caso é dinheiro gasto à toa.
O segundo ponto, e o mais grave, é a falsa sensação de segurança que esses documentos trazem consigo. É aí que mora o perigo, você pode estar dando para o paciente assinar algo que nem sempre irá condizer com a realidade do caso e que pode não te ajudar, de fato, em alguma futura defesa na justiça.
Inclusive algumas dessas ofertas de “papelada odontológica” não oferecem o arquivo editável, sendo o produto entregue em PDF, com orientações de uso de que basta imprimir e entregar ao paciente para assinatura. Esse tipo de arquivo inibe e dificulta a personalização do documento.
Vamos citar um exemplo: considere um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) de implantodontia, que consta que o hábito de fumar pode prejudicar as taxas de sucesso do tratamento.
E se o paciente não for fumante? Certamente essa será uma informação desnecessária no documento. Da mesma forma, temos a situação inversa, ou seja, o paciente é fumante e pode não constar no documento as consequências desse hábito por se tratar de um documento raso e geral.
Nesse caso, o exercício pleno da autonomia do paciente e sua capacidade em decidir sobre sua saúde fica prejudicada e, no Judiciário, TCLE’s genéricos ou extremamente técnicos estão sendo considerados nulos, pois não cumprem com a finalidade da devida informação.
Existe até um nome para isso: blanket consent, que implica em obter o consentimento do paciente de forma genérica e ampla, sem especificar claramente o que será feito durante o tratamento odontológico.
Isso pode criar uma situação em que o paciente concorda com um tratamento, sem entender exatamente quais procedimentos serão realizados e quais são os riscos envolvidos específicos para o seu caso, pois não é levado em conta as necessidades individuais de cada pessoa.
Assim, o uso do “blanket consent” na área da saúde é questionável do ponto de vista ético e legal.
Essa é uma dúvida de muitos profissionais. Defendemos que assim como o profissional deva ter a expertise técnica em relação a especialidade que escolheu atuar, é necessário também entender a fundo os temas de responsabilidade profissional para ter uma prática clínica segura.
Para isso, sob nosso ponto de vista, é fundamental saber:
– quais as regras que competem à relação comercial entre pacientes e o profissional,
– como elaborar os seus próprios documentos odontolegais, entendo qual a finalidade de cada um deles, qual deve ser seu conteúdo, como devem ser preenchidos e geridos;
– como ter uma conduta regida pelas boas práticas da odontolegal, pois apenas a documentação não é suficiente para a sua proteção.
Se você quer obter conhecimento nessa área e ser um dentista seguro do ponto de vista do exercício profissional, acesse o guia gratuito:
Para saber sobre esse tema, indicamos essa playlist de vídeos no canal do YouTube do professor Mario. Para acessar clique aqui.